Diretório para a Catequese
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17/11/2021 Therezinha Motta Lima da Cruz Diretório para a Catequese A Catequese em contexto ecumênico e de pluralismo religioso
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Ao considerar a necessidade de se ter uma catequese que leve em consideração as normas da Igreja, o ambiente cultural e a situação específica de cada pessoa, o Diretório lembra também o que diz respeito ao diálogo ecumênico e inter-religioso. Ao pensar na convivência entre pessoas de Igrejas e religiões diferentes como uma característica da nossa sociedade, o Diretório menciona o crescimento do número de casamentos mistos e o pluralismo que temos nas escolas, universidades e outros ambientes de vida. É importante preparar os catequizandos para conviver com outros cristãos nessas situações.

O texto começa lembrando que “como todas as ações eclesiais, também a catequese está intrinsecamente marcada por uma dimensão ecumênica” (344).  Não deixamos de ser católicos, nossa identidade católica é que nos orienta para isso. Não é um apêndice, é uma dimensão da pastoral da nossa Igreja e, como tal, precisa ser abordada na catequese para que quem se declara católico saiba e assuma o que nossa Igreja quer ver acontecer  nessa área. Ter uma postura ecumênica não desvaloriza a nossa identidade católica.  Já na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (244), o papa Francisco nos dizia: “a credibilidade do anúncio cristão seria muito maior se os cristãos superassem as suas divisões... o ecumenismo é uma contribuição para a unidade da família humana.

Assim sendo, a catequese, como parte da apresentação da nossa identidade católica, precisa preparar os catequizandos para o convívio fraterno com outros cristãos e o diálogo respeitoso com outras religiões, a ser praticado nos diferentes ambientes em que cada um vive. Essa convivência respeitosa dentro da diversidade religiosa também apresenta uma imagem mais positiva da nossa Igreja e cria condições para parcerias construtivas. 

Onde as divisões entre cristãos são mais visíveis, o Diretório recomenda:

- ver as divisões como uma ferida que contradiz a vontade do Senhor e, para ajudar a superar isso, participar do movimento ecumênico

- expor com clareza e caridade a doutrina católica, de um modo que seja fiel à nossa identidade, sem nos incapacitar para o diálogo

- apresentar adequadamente as outras Igrejas e comunidades eclesiais, mostrando o que nos une e o que nos divide, com atitudes que não aumentem os conflitos

Aí seria bom que a catequese lembrasse a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e outras situações onde Igrejas diferentes podem estar juntas.          

A seguir o Diretório dedica um espaço à relação com a religião hebraica, parte importante da Bíblia, vinda do povo que Deus escolheu e onde Jesus nasceu. Pensando nisso, o texto nos diz:”o hebraísmo não pode ser considerado simplesmente como outra religião porque o cristianismo tem raízes hebraicas e as relações entre as duas religiões são únicas: Jesus era hebreu, viveu na tradição hebraica de seu tempo...”  Na catequese, é importante valorizar os judeus, povo escolhido para nos dar Jesus. Quando houver oposição entre Jesus e os judeus em algum texto dos evangelhos, é bom mostrar que são “alguns judeus”, não todos, que se opõem a Jesus. Os apóstolos, Maria, José e os primeiros seguidores de Jesus eram judeus, eles estavam na raiz  do que somos hoje como Igreja. 

Vamos anunciar o Evangelho em culturas onde outras religiões são maioria e vamos ter que preparar católicos para conviver com pessoas de outras tradições religiosas também onde somos a maioria. Então o Diretório (350) nos dá 3 orientações:

  1. Fortalecer a identidade dos católicos com um bom conhecimento do Evangelho
  2. Fazer crescer o discernimento em relação a outras religiões , reconhecendo as coisas que nelas podem ser boas (vistas como sementes do Verbo, a serem valorizadas) e o que não está de acordo com a fé cristã
  3. Fortalecer o impulso missionário como testemunho da fé católica, anunciando explicitamente o Evangelho, sem rejeitar possíveis colaborações na defesa da dignidade humana e tendo um diálogo afável e cordial.

Como ainda há muitos católicos que não conhecem o que a nossa Igreja diz sobre esse assunto, seria bom que os catequistas se familiarizassem com alguns documentos oficiais, como por exemplo: Unitatis Redintegratio e Nostra Aetate (do Concílio Vaticano II), Ut Unum Sint (do papa João Paulo II), Diálogo e Anúncio, Guia Ecumênico Popular (da coleção estudos da CNBB, 28). 

Seguindo esse caminho, vamos perceber a sabedoria  e a fraternidade de uma Igreja que quer dialogar, ensinando e aprendendo, sem perder sua identidade. E não seria bom se soubéssemos fazer isso, não só no terreno religioso, mas em todos os nossos relacionamentos? 

Therezinha Motta Lima da Cruz

Ex-assessora nacional da catequese, escritora, catequéta.

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