O capítulo 3 da Catechesi Tradendae começa dizendo que “a catequese não pode nunca ser dissociada do conjunto das atividades pastorais e missionárias da Igreja.” Afinal, ela vai apresentar aos catequizandos essa Igreja da qual eles vão participar. Consequente- mente, não será uma atividade isolada, mas uma demonstração da comunhão de intenções, trabalhos e comportamentos da Igreja como um todo. A percepção da presença de Jesus na vida e nos trabalhos dos membros da comunidade vai ter um impacto significativo. Aí é importante ter um relacionamento com as diferentes pastorais e seus respectivos agentes. Visitas, entrevistas, participação em eventos de conjunto certamente ajudam os catequizandos a se sentirem parte da comunidade e da missão global da Igreja.
A exortação apostólica fala então do “primeiro anúncio”, que promove a inicial conversão e o desejo de buscar a catequese, que irá aprofundar o conhecimento, a intimidade com Jesus, a participação na comunidade, o amadurecimento da fé e a alimentação do compromisso cristão que virá na recepção dos sacramentos. O primeiro anúncio é um passo inicial, mas a catequese é um processo permanente para a Igreja inteira (inclusive para os próprios catequistas), já que todos sempre devem continuar aprendendo e crescendo na adesão a Jesus e no mergulho no mistério divino. Por isso a exortação também diz: “ser cristão significa dizer sim a Jesus Cristo e convém recordar que tal sim se situa em dois níveis: consiste, antes de mais, em abandonar-se à Palavra de Deus e apoiar-se nela; mas comporta também, num segundo momento, o esforçar-se por conhecer cada vez melhor o sentido profundo dessa Palavra.” (CT 20)
Catechesi Tradendae observa porém algo que nós todos podemos perceber claramente hoje: “... muitas vezes não se verifica a primeira evangelização. Um certo número de crianças batizadas na primeira infância chegam à catequese paroquial sem terem recebido qualquer outra iniciação na fé e sem terem ainda uma adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo...” (CT 19)
Muitas vezes o Batismo de crianças é feito mais por uma tradição cultural do que por uma convicção religiosa dos pais. Batiza-se porque é costume ou porque se quer convidar pessoas para se tornarem padrinhos, mais por uma questão de amizade do que de confiança na postura religiosa de quem foi escolhido. Outras vezes temos também crianças que nem foram batizadas e adolescentes e adultos batizados que precisam ser convertidos porque não viveram adequadamente a fé. Aí a catequese tem que voltar ao começo para cuidar desses corações que estão no limiar da fé e que precisam aderir de fato a Jesus. E, sobre isso, Catechese Tradendae recomenda: “Um tal cuidado ditará, pelo menos em parte, o tom, a linguagem e o método da catequese.” (CT 19) “A finalidade específica da catequese, no entanto, não deixa de continuar a ser a de desenvolver, com a ajuda de Deus, uma fé ainda inicial, e de promover em plenitude e alimentar quotidianamente a vida cristã dos fiéis de todas as idades.” (CT 20)
Em situações assim, embora sejam fundamentais o preparo, o testemunho e o empenho de cada catequista, a comunidade tem um papel muito especial porque o acolhimento faz muita diferença. Quem se sente bem recebido, ouvido, estimado abre o coração para a comunidade e ali descobre com mais intensidade como a adesão a Jesus vai fazer uma preciosa transformação na sua vida.
Uma outra mensagem importante é: “A catequese, por fim, tem uma ligação íntima com a ação responsável da Igreja e dos cristãos do mundo. Aqueles que aderiram a Jesus Cristo pela fé e que se esforçam por consolidar esta fé mediante a catequese têm necessidade de viver em comunhão com os demais que deram o mesmo passo.” (CT 21)
Se soubermos viver a alegria de ser parte de algo tão gratificante, certamente estaremos mais preparados para fazer nossos catequizandos perceberem a grandeza do que Jesus oferece quando alguém se dispõe a segui-lo. E isso vai muito valer a pena, para eles, para nós e para o mundo, tão necessitado dos valores do Evangelho.
Therezinha Motta Lima da Cruz
julho/2020