Estamos a celebrar quarenta anos da 3ª Conferência Episcopal Latino-Americana e do Caribe, que ocorreu entre fim de janeiro e início de fevereiro de 1979, em Puebla, México. As conclusões do evento foram organizadas no documento intitulado “A evangelização no presente e no futuro da América Latina” que é estruturado em cinco partes.
Embora todo o conteúdo do documento seja fundamental para a reflexão catequética em vista da renovação dessa prática eclesial, é na terceira parte que há explicitação direta a respeito do que a Conferência pensou sobre a catequese. O capítulo que trata de missão catequética está nos números 977 a 1011 e inicia citando a Mensagem do Sínodo sobre a Catequese, de 1977, expressando que a catequese “consiste na educação ordenada e progressiva da fé”.
Em seguida, o documento apresenta a situação catequética na América Latina apontando aspectos positivos e negativos da caminhada. Os aspectos positivos consistem em vários fatores entre os quais destacamos: esforço de integração fé e vida, pedagogia catequética cujo ponto de partida é Jesus Cristo, amor à Sagrada Escritura como principal fonte de catequese, valorização da dimensão comunitária da catequese, descoberta da catequese como processo dinâmico, gradual e permanente da educação da fé. Quanto aos aspectos negativos, o documento destaca o fato de a catequese não conseguir atingir determinados setores e situações da sociedade, dualismo entre catequese sacramental e catequese vivencial, catequistas que descuram a iniciação à oração e à liturgia, difusão de conceitos que não passam de meras hipóteses teológicas ainda em estudo, desorientação no campo ecumênico.
Ao prosseguir a reflexão, há a apresentação dos critérios teológicos da evangelização e da catequese: comunhão e participação; fidelidade a Deus; fidelidade à Igreja; fidelidade ao homem latino-americano; conversão e crescimento; catequese integrada capaz de unir o conhecimento da Palavra de Deus, a celebração da fé nos sacramentos e a confissão da fé na vida cotidiana.
Para cumprir seu projeto pastoral renovador, a catequese precisa atingir alguns objetivos como: formar pessoas comprometidas com Cristo em comunhão e participação com a Igreja; ter como fonte principal a Sagrada Escritura; priorizar a formação de catequistas levando em conta seu contexto vivencial; cuidar da formação catequética nos institutos de formação de sacerdotes e religiosos para intensificar o sentido da transmissão adequada e atualizada da mensagem evangélica.
Quanto aos catequistas, o documento afirma que devem procurar: a integridade do anúncio da Palavra para superar dualismos, falsas oposições e unilateralidade; iniciar o catequizando na oração, liturgia e testemunho da fé; ministrar uma catequese que oriente para a descoberta vocacional; empenhar-se numa metodologia que inclua a conversão a Jesus Cristo, a vida comunitária, sacramental e o compromisso apostólico; capacitar o cristão para dar razão de sua esperança, para a prática do diálogo, com boa formação moral, bem como da Doutrina Social da Igreja.
Quarenta anos depois, observamos que essas ideias continuam bem atuais e podem ser levadas em conta na prática atual da catequese de inspiração catecumenal. Embora a palavra catecumenato não apareça neste capítulo, está latente nas entrelinhas, já que enfatiza uma catequese que leva em conta o ensino, a celebração da fé e o testemunho de vida.
Luís Oliveira Freitas
(Texto publicado no Jornal do Maranhão, edição de março de 2019).