A novidade da Iniciação à Vida Cristã traz consigo uma resposta ao contexto de crise que vemos instalada nas estruturas de transmissão e educação da fé. Em segundo lugar, a novidade da Iniciação à Vida Cristã trata de uma metodologia pastoral diferente daquela que vemos em prática nas nossas paróquias e dioceses. Por último, a Iniciação à Vida Cristã é uma novidade para nós, agentes da ação evangelizadora. E este último dado precisa ser aceito em atitude de caridade e como sinal de maturidade aos sinais dos tempos.
A V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe sinalizou a iniciação cristã como urgência para a conversão pastoral e destaca o “grande desafio que questiona a fundo a maneira como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã” (DAP 287). Educar e alimentar a fé em nossos tempos exige coragem e liberdade. Coragem para assumir o novo que surge das relações humanas. Liberdade para expressar a convicção da fé cristã, mesmo diante das indiferenças e negações. Precisamos dialogar entre nós, lideranças e agentes pastorais, para a compreensão de que a educação da fé é uma resposta à iniciativa totalmente livre de Deus e não um mérito pessoal de conquista deste ou daquele sacramento. E todo processo de educação exige renúncia de velhos métodos e acolhida de novos mestres, novos conceitos, novas atitudes.
Estamos falando, portanto da novidade da conversão pastoral. Esta atitude será notada na medida em que as práticas das comunidades cristãs mudarem o foco de conduzir apenas para o sacramento e investirem em verdadeiros lugares de anúncio e celebração do mistério e do amor de Jesus Cristo. Nas comunidades primitivas, “a iniciação cristã cuidava de instruir os catecúmenos tanto na adesão à pessoa de Jesus Cristo quanto na vida comunitária e no novo jeito de agir na sociedade e na família” (CNBB, Doc 100, 89). Esta é a conversão pastoral. Converter de uma catequese e pregação sacramentalista, para uma formação integral da pessoa humana, tendo como modelo Jesus de Nazaré, para um novo jeito de ser e agir nos ambientes da sociedade, seja no trabalho, no lazer, na escola, na família e com amigos.
Deste modo, um elemento novo que a Iniciação à Vida Cristã irá introduzir em nossas práticas é a palavra e a metodologia dos itinerários de fé. No lugar da catequese sacramentalista, está a experiência pessoal, gradativa e processual com a pessoa de Jesus Cristo. O que a Iniciação à Vida Cristã tem novo? Uma proposta de apresentar Jesus Cristo conforme o grau da fé que nos foi concedido (Rm 12,3), no itinerário comum dos dias que reúne fé e vida.
Ariél Philippi Machado
(Teólogo e assessor de catequese na Arquidiocese de Florianópolis-SC)