O mundo mudou muito e rapidamente. Nas grandes cidades essa mudança é mais intensamente percebida. O menino da roça é mais parecido com seus avós que o menino da região urbana. A cidade vem de braço dado com a modernidade que caminha em ritmo acelerado. Problemas novos aparecem, mas há também novos recursos. Aliás, se a cidade fosse um ambiente tão desastroso como às vezes nos é apresentado, não teríamos tantos migrantes buscando esse novo espaço de vida. Mas atualmente temos outras estruturas, com o domínio da informática, da conversa no celular substituindo relacionamentos de olho no olho…
As relações familiares e as atividades se apoiam em novos costumes e idéias. Crianças são menos disciplinadas e têm acesso a um tipo diferente de informação. Vizinhos se conhecem menos, apesar de morarem até mais próximos uns dos outros do que os que vivem no campo.
Vamos precisar de catequistas muito bem preparados em três áreas:
A paróquia das grandes cidades não é, como ainda se vê nas pequenas vilas do ambiente campestre, o centro da vida social, o local mais destacado de festas e encontros. Também os sacramentos não são buscados por causa de tradições herdadas, como acontecia no tempo em que a cristandade era a marca da cultura do povo. Parecia haver uma opção preferencial pela Igreja, mas nem sempre havia ali a necessária consistência. Quando eu era criança, pertencia a uma família que se dizia católica, mas não ia à igreja. Um dia, eu estava na janela com minha mãe e pela rua veio vindo uma vizinha, mãe da minha amiga Ana Maria, trazendo a filha. Minha mãe perguntou a ela: _Onde você está indo com a Ana Maria? A vizinha respondeu que estava levando a filha para a catequese numa capela do fim da rua porque, com oito anos, já estava na hora da menina começar a se preparar para fazer a primeira Comunhão. Minha mãe olhou para mim e para Ana Maria e, surpresa, disse: _Mas ela tem a mesma idade da Therezinha! Dá para você levar minha filha também? E lá fui eu para a catequese de antigamente, sem saber o que era isso e sem nenhuma preparação anterior. Lá aprendi a decorar o catecismo, às vezes até sem entender direito o que ali estava declarado. Fiz minha primeira comunhão e, para surpresa da família, resolvi continuar indo à missa aos domingos. E fui aos poucos aprendendo mais e buscando na Igreja a ajuda que precisava para lidar com meus problemas emocionais, familiares, psicológicos… Afinal, se eu não fosse para a igreja aos domingos, não tinha nada mais interessante para fazer. Isso já não era o mais comum, algo que a família esperasse acontecer. Mas essa seria uma história ainda mais difícil de se repetir nas grandes cidades de hoje, cheias de atrações, opiniões e atividades variadas. Essa ação de minha amiga Ana Maria no meu envolvimento com a Igreja me fez pensar na função de “introdutor” ou “acompanhante” que nos foi proposta no processo de Iniciação à Vida Cristã. Algumas dioceses adaptaram essa idéia, convidando quem acabou de ser crismado a ser acompanhante de um novo catecúmeno, como forma de mostrar acolhimento personalizado a quem está chegando. E isso teve um bom resultado, tanto para o acompanhado como para o acompanhante. Ambos se sentiram valorizados.
Os recursos, os costumes e a geografia das cidades também permitem que se escolha uma paróquia que nem sempre é a que fica mais perto de casa. Não é qualquer catequese que vai ser aceita. O ambiente onde ela se desenvolve e os métodos de trabalho precisam ser mais atraentes e mais adaptados às verdadeiras necessidades de cada pessoa.
Não sendo mais uma escolha quase automática o envio das crianças à catequese, aumenta a necessidade de procedimentos diversificados para atender grupos de variadas idades, diferentes situações familiares e níveis de conhecimento. Isso exige, é claro, uma preparação de catequistas com uma amplitude maior de conhecimentos, com talento para agir criativamente e com sensibilidade para perceber as necessidades de cada grupo. O mais importante, porém, continua sendo ter catequistas com uma intimidade e uma adesão profunda a Jesus. Afinal, ele é a grande Boa Nova que temos que dar a conhecer e é ele que vai nos ajudar a ir ao encontro de cada pessoa com a atitude certa. Quando algo parecer difícil, em vez de consultar apenas um “manual de catequese”, importante seria perguntar: o que faria Jesus nessa situação? Como ele atenderia às necessidades dessa pessoa?
Recursos urbanos modernos podem ser usados ( internet, slides de computador, notícias de jornal, cenas de filmes…) mas é o conteúdo da catequese que precisa ser refletido aí, indo ao encontro das necessidades de cada um e fazendo perceber o que nos pede a presença de Deus também na nossa vivência diária, dentro e fora da Igreja. Temos que fazer conhecer Jesus, seus ensinamentos, seu modo de vida. Mas temos também que perceber como ele iria transmitir sua mensagem se vivesse hoje, que exemplos e que linguagem usaria, como avaliaria o que vemos à nossa volta diariamente.
Tudo isso pode parecer complicado, mas ao mesmo tempo transforma a catequese numa atividade mais gratificante, que vamos desenvolver com criatividade e melhor percepção da sociedade em que vivemos, sempre com o objetivo de viver, anunciar e ajudar a desenvolver os valores do Reino de Deus. Como sempre acontece numa boa catequese, vamos ensinar e aprender, ajudar e ser ajudados, acolher e ser acolhidos, percebendo melhor o próprio mundo em que vivemos e caminhando com Jesus por novas estradas. Vale a pena!
O que mais nos impressiona na realidade urbana de hoje?
O que Jesus está nos pedindo diante dos desafios desse ambiente moderno?
Como essa realidade moderna influencia nossa oração?