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07/02/2025 Dom Leomar Brustolin Temas atuais Aprender com a doença
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No dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, celebramos mais uma Jornada Mundial dos Enfermos. Nesta data, os papas enviam uma mensagem ao mundo católico, convidando-nos à reflexão sobre a dignidade dos enfermos e o chamado cristão para o cuidado e à compaixão que eles merecem.  

Em 2024, o Papa Francisco recordou: “Irmãos e irmãs, o primeiro cuidado de que necessitamos na doença é uma proximidade cheia de compaixão e ternura”. O Santo Padre pede que todo o enfermo não tenha vergonha de desejar essa proximidade e afeto, que nunca pensem ser um peso para os outros. A condição dos doentes é um convite a todos nós para desacelerarmos o ritmo frenético da vida e reencontramos nossa essência.

Francisco nos lembra que todo cristão é chamado a cuidar de quem sofre, especialmente daqueles que estão sozinhos, marginalizados ou descartados. Por meio do amor que Cristo Senhor nos oferece na oração e, especialmente, na Eucaristia, somos convidados a aliviar as feridas da solidão e do isolamento.

Sabemos que a fé não suprime a dor, mas transforma seu significado. Ela nos ensina que o sofrimento não deve ser visto como punição, mas como uma experiência que pode nos aproximar de Cristo. Para quem crê, a dor pode estabelecer uma intimidade ainda mais profunda com Cristo. O sofrimento dos cristãos não é apenas consequência do pecado original ou castigo, pode ser acolhido como um meio de graça dentro da economia da salvação.

Jesus nos ensina que a dor não é, necessariamente, resultado de um pecado pessoal ou herdado dos antepassados. Ao assumir a condição humana e experimentar o sofrimento em sua carne, o Filho de Deus se faz próximo de cada pessoa que sofre. Sua paixão, morte e ressurreição tem o propósito claro de reconciliar a humanidade com Deus e restaurar o caminho da paz, da saúde e da felicidade.

O sofrimento pode ser uma tentação ou um convite. Tentação, porque  nos coloca diante de nossas fragilidades, abala nossas certezas e pode levar à revolta. Muitas vezes, ao nos sentirmos impotentes, somos tentados a culpar a Deus pela dor que enfrentamos.
Convite, pois ao absurdo do sofrimento se contrapõe a um chamado à fé e à confiança na solidariedade de Cristo, que transforma dor em possibilidade de crescimento moral e espiritual.

É verdade que poucos conseguem viver essa experiência de forma plena em meio à enfermidade. A maneira como enfrentamos a dor depende da nossa fé.  Só aquele que crê pode encontrar um caminho de libertação da dor. Nesse sentido, não importa quanto se sofre, mas como se sofre.

Por fim, para o cristão há uma certeza: quem sofre com Cristo jamais está só. A solidão é, talvez, a pior das dores. Mas na Cruz, Deus se uniu a cada a cada sofredor da história para curar suas feridas, enxugar suas lágrimas, e libertá-lo do cativeiro da morte, abrindo-lhes as portas da vida eterna. 

“Ninguém nasceu para sofrer, mas a dor nos faz crescer” – Padre Zezinho

 

Dom Leomar Brustolin, Arcebispo Metropolitano de Santa Maria.

Presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB

 

 

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