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29/08/2020 Therezinha Motta Lima da Cruz Memória Catequese com diversidade de pessoas e meios
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O capítulo V de Catechesi Tradendae tem como título: “Todos precisam ser catequizados”. Esse “todos” vai se explicitando em variados grupos: primeira infância (criancinhas bem pequenas que devem receber orientação dos pais e do conjunto do ambiente familiar), crianças, adolescentes, jovens, deficientes, jovens religiosamente sem apoio (nascidos e educados em ambientes sem prática cristã), adultos ( os que precisam prosseguir numa catequese permanente, os que não foram evangelizados e os que, tendo recebido uma catequese inicial, depois se afastaram da prática religiosa).

Evidentemente, a diversidade desse conjunto vai exigir catequeses diferenciadas, adaptadas às necessidades, aos interesses e às condições específicas de cada grupo. Hoje temos uma ênfase dada a uma catequese de inspiração catecumenal, bem organizada em tempos e celebrações, para ser vivida com profundidade e realmente formar discípulos comprometidos com o que Jesus quer de nós. Essa iniciação à vida cristã é bem planejada e tem um claro objetivo de oferecer uma formação que realmente faça cada pessoa se sentir parte da Igreja, tendo Jesus como companheiro e guia na sua vida. Tudo isso é muito bom mas, como a catequese é um direito de todos e um dever nosso para servir a todos, temos que lembrar que a Iniciação precisa ter uma inspiração catecumenal e não um regulamento fechado que seja incapaz de atender às diversidades de situações das pessoas que vamos atender.

Adaptar é ser seriamente fiel ao essencial e usar criatividade, acolhimento, diálogo diante de situações específicas, para não excluir quem quer e precisa ser atendido. Devemos lembrar que Jesus, sendo acusado de estar com publicanos e pecadores, dizia que “não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas os doentes.” (Mt 9,10-13)

Catechese Tradendae fala também da necessidade de encarnar a mensagem em diferentes culturas. E aí lembra duas coisas (adaptação e fidelidade):

1. A mensagem evangélica nasceu num ambiente: o mundo bíblico e o meio cultural onde Jesus viveu. Ela também não se isola hoje de outras culturas, entra em um certo tipo de diálogo com elas, leva em conta o que cada pessoa já traz no seu jeito de entender a vida.

2. A fidelidade ao evangelho, mesmo expressa com valorização do que houver de bom em cada cultura, deve ser mantida como algo essencial.

Isso indica que hoje vamos falar de coisas que não existiam no tempo de Jesus (novos costumes, profissões, possibilidades), vamos usar novos instrumentos (jornal, internet, cinema, autores modernos...). Mas o essencial a ser transmitido está ancorado no Evangelho, uma mensagem para todos os tempos. 

Em 2016, o papa Francisco nos deu um outro documento importante, que os catequistas precisam conhecer e que nos ajudaria a lidar com certas situações problemáticas. Chama-se Amoris Laeticia, fala sobre o amor na família e aborda, entre muitas outras coisas, a condição de casais de segunda união, de pais separados que não devem jogar sobre os filhos o fardo dessa separação. E, no seu número 246, o documento diz que “as comunidades cristãs não devem deixar sozinhos os pais divorciados que vivem em nova união. Pelo contrário, devem integrá-los e acompanhá-los na sua função educativa.” O papa trata intensamente da importância e da alegria do amor bem vivido na família, mas lembra que “é preciso reconhecer que há casos em que a separação é inevitável (AL 241). Mesmo não recebendo a Eucaristia, essas pessoas podem receber Jesus na mesa da Palavra e podem ajudar a comunidade a perceber o que é mais importante na formação para o sacramento do Matrimônio. Eles sabem muito bem o que pode estragar uma união conjugal. Podem orar pelos que ainda não se casaram, pelos que têm um casamento que vai indo mal mas ainda tem possibilidades de ser recuperado e podem dar boas sugestões para educar jovens para que depois formem famílias estáveis.

Como é fácil perceber, Catechesi Tradendae (A Catequese do nosso tempo) nos convida a apresentar Jesus com entusiasmo e alegria para que cada pessoa sinta a importãncia dessa presença amorosa em nossa vida. Como o próprio Jesus faria, temos que ouvir cada pessoa, comprender o que cada uma necessita e fazer de nossa comunidade uma família bem formada, fiel a Deus, compreensiva e acolhedora. Isso vai exigir uma boa formação permanente para os catequistas, mas eles mesmos vão ser os primeiros beneficiados pelos efeitos desse trabalho, que nos dá uma vida mais gratificante e construtiva.

Therezinha Motta Lima da Cruz

julho/2020

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