Catequese Urbana
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29/08/2020 Therezinha Motta Lima da Cruz Catequese Urbana Do Éden à nova Jerusalém
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Na Bíblia, a vida da humanidade é apresentada de forma simbólica como algo que começa num ambiente rural. O jardim do Éden é imagem da natureza que Deus nos convida a cultivar e guardar. Adão e Eva aí não são só os primeiros seres humanos. São uma imagem de nós todos, criados de barro, como sinal de nossa fragilidade, e chamados para cuidar bem do mundo em que Deus nos coloca. Na época em que o Gênesis foi escrito não havia as grandes metrópoles de hoje. Então o ambiente onde se apresentam as primeiras orientações de Deus é um jardim, um espaço rural. Ali o ser humano é convidado a dominar a natureza, mas não como hoje se faz trazendo contaminação e estragando os recursos naturais. Dominar aí significa tomar conta, cuidar bem do que Deus nos deu como ambiente de vida. Por isso o símbolo da vida como deveria ser era o jardim do Eden, que os seres humanos são chamados a cultivar e guardar.

Hoje, mesmo morando em grandes cidades, continuamos com a responsabilidade de cuidar bem da natureza simbolizada naquele primeiro jardim. A catequese precisa apresentar a mensagem dos primeiros capítulos da Bíblia não como algo que contrarie as idéias científicas de evolucionismo (Deus continuaria sendo o Criador de tudo mesmo que houvesse optado por um processo de evolução biológica). A Bíblia não estava querendo dar aula de Ciências naturais, estava convidando cada um a se sentir obra especial de Deus e a cuidar bem do planeta e de tudo que nele foi criado. É importante deixar isso claro para evitar controvérsias que depois podem levar os catequizandos a colocar de lado a Bíblia por não captar a mensagem e achar que Ciencia e Fé são opostas.

Uma catequese urbana também precisa mostrar como devemos cultivar e guardar o que Deus colocou na natureza e em ambientes mais distantes. Cuidamos dos rios também morando longe deles, quando evitamos poluir e desperdiçar a água, tão preciosa para a vida humana. Cuidamos das florestas, dos animais, do ar que respiramos, das novas gerações que vão precisar de um planeta saudável também morando em grandes cidades se defendemos posturas ecologicamente corretas e educamos crianças, jovens e adultos para serem cuidadores do planeta.

Mas a Bíblia prossegue apresentando sua mensagem nos ambientes históricos onde vai sendo escrita, nas cidades como eram antigamente. É um anúncio voltado para a história da humanidade. Por isso, não é de espantar que tudo comece num jardim e a culminância dessa história seja apresentada como uma cidade que vem do céu, a Nova Jerusalém. Assim como em relação ao jardim do Éden, a descrição da Nova Jerusalém é simbólica. No Gênesis a Bíblia mostra o projeto de Deus criando pessoas para cuidar bem da vida. No Apocalipse ela mostra o final que Deus quer dar à história humana, agora representada por uma cidade. A linguagem é simbólica e a catequese pode ajudar a perceber para que realidade final Deus nos quer ver caminhando. Na Nova Jerusalém Deus vai morar conosco, não haverá mais sofrimento. Ela tem 12 portas, voltadas para os 4  pontos cardeais, números simbólicos que significam que estará aberta para todos os povos. Será uma cidade santa, preciosa, que nem precisa de sol porque vai estar iluminada pela luz do Cordeiro (também uma linguagem simbólica). Suas portas nunca se fecharão, não haverá mais noite, só luz. Ela tem um rio de água viva. Lá estão as árvores da vida (não uma árvore da vida, como no Edén) que darão frutos 12 vezes por ano (sempre). Suas folhas servirão para curar as nações.

É importante para a catequese trabalhar a linguagem simbólica desse final da Bíblia. O Apocalipse costuma ser citado como livro de ameaças e desgraças, mas na verdade é o livro da esperança, a promessa de um final feliz para a humanidade. Esse final é um presente, dom de Deus, mas todos somos convidados a contribuir para que a história humana caminhe nessa direção. Uma boa conversa com os catequizandos pode apontar caminhos para sermos colaboradores desse grandioso e lindo projeto de Deus.  Podemos olhar o que nos leva na direção desse final feliz e o que está atrapalhando a caminhada. Isso também transforma nossa vida numa aventura emocionante. E vale a pena saber que somos parte de uma história tão grandiosa!

Therezinha Motta Lima da Cruz

junho/2020

 

 

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