Bíblia e Catequese
            Formação             Bíblia e Catequese             Linha do tempo na história bíblica
19/09/2017 Therezinha Motta Lima da Cruz Bíblia e Catequese Linha do tempo na história bíblica
A+ a-
Therezinha Motta Lima da Cruz

Linha do tempo na história bíblica

Conhecer a história do povo é fundamental para compreender cada parte da Bíblia. A ordem em que os textos hoje nos são apresentados nem sempre corresponde ao tempo em que cada coisa sucedeu ou foi escrita. Os 11 primeiros capítulos do Gênesis, por exemplo, não foram escritos na ordem em que hoje os temos – e também não querem nos ensinar o que aconteceu nos primórdios e sim fazer refletir sobre o que acontece, em todos os tempos, com a humanidade. 

A história do povo, propriamente dita, começaria com Abraão. Por cerca de 1850 antes de Cristo, Abraão e Sara saem da sua terra e dão origem a um novo povo. A família vai crescendo. Ismael, filho de Agar, vai estar relacionado a outro povo, vai fazer parte da tradição árabe. Isaac, filho de Sara, casado com Rebeca, vai ser pai de Jacó e Esaú. Jacó, com Lia e Raquel, vai ter 12 filhos que estão na origem das 12 tribos do novo povo. Aí vem a história de José, vendido pelos irmãos, com o povo indo para o Egito. Essas histórias eram contadas de geração em geração, mas só foram escritas muito depois.           

A partir de 1250 aC temos a história de Moisés, liderando o povo na saída do Egito, recebendo os mandamentos, na caminhada para a terra prometida.          

Mas a terra, mesmo tendo sido “prometida”, estava ocupada por outros povos e precisava ser conquistada. Aliás, ainda hoje, tudo que Deus nos dá é ao mesmo tempo dom e conquista: Deus nos dá as possibilidades, nos fortalece e nos apóia mas, se ficarmos sem fazer nada, não conseguimos tomar posse do que Ele nos oferece (ainda bem , porque se recebêssemos tudo pronto, não poderíamos crescer). A conquista da terra vem narrada nos livros de Josué e Juízes, onde temos figuras como Débora, Jefté, Gedeão, Sansão e outros. Ter acontecido nessas datas não significa que o texto correspondente foi escrito naquele tempo. 

Tendo conquistado a terra, começa a monarquia (1030 a 931 aC) com Saul, Davi e Salomão. Aí, havendo mais riqueza, começam a ser escritos muitos textos, a partir do que tinha sido transmitido oralmente por muitas gerações. Naquela época, escrever era um processo muito dispendioso, o material e o trabalho de quem escrevia precisavam de bastante dinheiro.    

Com a morte de Salomão e as disputas que ali se seguiram, vem a divisão do reino: ao norte, Israel; ao sul, Judá. Estando divididos se enfraqueceram e ficou mais fácil serem vencidos por povos vizinhos. Em 722 aC o norte foi dominado pela Assíria e em 587 aC o sul foi conquistado pela Babilônia. Segue-se o drama do Exílio, quando o povo ficou longe de sua terra e teve que ser muito persistente para não perder sua identidade religiosa. Foi a partir dessa experiência que nasceu o poema da criação que foi parar bem no início da Bíblia: longe de sua terra, descobrir Deus como criador do mundo inteiro foi um modo bonito e eficiente de se sentirem apoiados por Ele. 

Depois, apoiados por Ciro, podem voltar à sua terra a partir de 538 aC. Os que regressam estão interessados em reconstruir a cultura antiga, que o povo mais simples, que não havia sido deportado, teve dificuldades para preservar sem a presença dos sacerdotes e outros mestres. É aí que Esdras, por exemplo, quer que as mulheres estrangeiras sejam mandadas embora porque eram  incentivos para a mistura religiosa. 

Depois do Exílio, vem outra ameaça à fidelidade religiosa do povo. A partir de 166 aC, a cultura grega, com seus costumes, vai sendo muito influente. Há uma grande necessidade de defender os símbolos da fé (como vemos, por exemplo, na história dos Macabeus). 

A Grécia exercia um domínio cultural, mas, a partir de 63 aC, os romanos chegam com o domínio militar. É nessa Palestina dominada pelos romanos que Jesus vai nascer, viver, morrer e ressuscitar. 

Não é difícil perceber que cada etapa dessa história gera necessidades diversas em relação a aspectos da vivência religiosa. Sabendo em que época surgiu cada texto, percebemos como há ênfases diferentes na comunicação da mensagem. Isso é importante até para entender certas passagens que às vezes poderiam nos parecer chocantes. Então, é fundamental ler a apresentação de cada livro na tradução da Bíblia que estivermos usando, bem como as notas de rodapé que esclarecem certas frases, palavras ou situações apresentadas no texto. 

Os catequistas poderiam colocar isso, de modo simplificado, numa miniatura de linha do tempo possível de ser consultada quando estamos tratando de cada livro bíblico. É importante perceber como a história constrói a identidade de um povo. Isso, é claro, não acontece só com o povo da Bíblia. Nós também temos uma cultura e muitas atitudes que têm a ver com a história do nosso país. Conhecer a história de uma pessoa nos ajuda a fazer uma catequese que responda melhor às necessidades dela. Perceber o quanto nossa história pode nos transformar nos prepara para viver melhor o que a vida vai nos oferecendo. 

Como descreveríamos nosso relacionamento com Deus em cada fase da nossa história pessoal?

Therezinha Motta Lima da Cruz

Foi assessora nacional de catequese e é autora de vários livros de catequese e ensino religioso.

 

Nome:
E-mail:
E-mail do amigo:
Leia os artigos...
                  
Receba as novidades da Catequese do Brasil. Cadastre seu e-mail...