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22/09/2023 Dom Leomar Brustolin Temas atuais Monumentos da fé
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Quando a experiência humana é afetada pelo dom da fé, ocorre a transformação do ser e do agir. A vida se enche de sentido, e o coração, de alegria. A razão encontra respostas, e as buscas remetem ao infinito. O encontro entre o humano que procura e o Deus que se deixa encontrar, modifica o viver. Essa atitude, tão expressiva para o ser humano, muitas vezes, é apresentada de forma visível, material e perene.

Há muitos monumentos que a fé edificou para proclamar sua grandeza sobre todas as coisas existentes. Diversas culturas e diferentes religiões conhecem uma grande quantidade de templos, santuários, altares e as mais diversas edificações que registram a importância do lugar e do tempo para a experiência do encontro com Deus.

Em Jerusalém, os cristãos visitam os lugares sagrados por onde Jesus passou: o Lago de Genesaré (Mar da Galileia), o Monte das Bem-Aventuranças, o Jardim das Oliveiras, o local da Crucificação e o túmulo de Jesus, onde se recorda sua ressurreição. São locais que lembram um acontecimento do passado. Hoje, ali estão edificadas igrejas que fazem pensar sobre o significado daqueles lugares. A presença de Jesus, naquele tempo, agindo com seu povo, tornou aqueles espaços sagrados.

Em Roma, os cristãos ergueram a Basílica do Vaticano sobre o túmulo do Apóstolo Pedro. As catacumbas que eram cemitérios subterrâneos, tornaram-se local de peregrinação para conhecer a experiência da Igreja Primitiva. Muitas outras igrejas e santuários remetem à experiência humana da aliança com Deus e, por isso, se demarca o lugar para celebrar o encontro.

A Bíblia registra pessoas que edificavam monumentos, altares e marcos para recordar a ação amorosa de Deus ao longo da história.  Por exemplo, conforme o Patriarca Abraão percebia a Presença misteriosa e amiga de Deus, demarcava territórios, erguia monumentos, simbolizava materialmente sua fé.  Para louvar o Deus que lhe prometera a terra, Abraão edifica um altar em Siquém. “O Senhor apareceu a Abraão e disse-lhe: “Darei esta terra à tua posteridade.” Abraão edificou um altar ao Senhor, que lhe tinha aparecido” (Gen 12,7). Diante dos carvalhos de Mambré, ele construiu mais um altar. Dessa forma, ele foi marcando sua trajetória com sinais que uniam sua vida e sua fé. Sua existência ficou profundamente unida à experiência do encontro com  Deus. A experiência de Abraão se estendeu pelas gerações futuras. Seu filho e netos continuaram a fé no Deus único e vivo.

Os cristãos expressaram esse maravilhoso encontro do Criador com a criatura e do Eterno no tempo com Igrejas, altares e monumentos. Basílicas, catedrais e santuários são alguns registros materiais que narram fortes experiências de Deus realizadas por pessoas e comunidades que desejaram demarcar, na história, o que foi vivido com o transcendente. Tornaram-se marcas visíveis e sinais do Invisível para que outros possam repetir a experiência do encontro.

Altares, pedras, árvores, a terra: tudo serve para visualizar o encontro maravilhoso da criatura humana com o Deus único e verdadeiro. Encontro invisível aos olhos, mas totalmente perceptível ao coração e à mente de quem se deixou tocar pelo amor de Deus. É por isso que nasce o impulso de materializar o encontro, de sacralizar o lugar, de santificar o tempo.

 

Dom Leomar Antônio Brustolin

Arcebispo Metropolitano de Santa Maria

Presidente da Comissão Episcopal para Animação Bíblico-Catequética da CNBB 

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