A tarefa primordial da catequese
A catequese visa ajudar a pessoa a crescer na adesão pessoal a Jesus Cristo e, por meio dele, no Espírito, ao Pai; visa a inserção ministerial na Igreja, e o compromisso com construção do Reino, a partir da evangélica transformação da sociedade, para que todas as pessoas tenham vida e vida em abundância, como ensina Jesus (cf. Jo 10,10). Para isso, a catequese requer catequistas, convertidos e apaixonados por Jesus Cristo, Caminho, Verdade, Vida (cf. Jo 14,6).
A adesão incondicional a Jesus implica, para catequistas e catequizandos, o engajamento na Igreja, como seus membros vivos, corresponsáveis, ativos, dinâmicos, dedicados. A nossa missão de catequista é ajudar no processo educativo dos fiéis para que assumam a fé, isto é, o discipulado missionário, mas também a Igreja, a missão cristã, e para que caminhem rumo à maturidade em Cristo.
Mas, a prioridade das prioridades é a conversão.
A realidade de nossa Igreja Católica revela situações que exigem medidas urgentes. É que uma boa parte dos que nos dizemos católicos temos quatro graves deficiências quanto à fé:
a) não somos convertidos. A fé não nos agarrou por dentro, não se transformou em nossa natureza, não impregnou nossa vida, nossos sentimentos, nossa razão, nosso trabalho, nossas atitudes, nossos relacionamentos, nosso compromisso com a sociedade. É essencial junto com o dom da fé a nossa adesão livre, consciente, esclarecida, coerente e generosa;
b) não temos convicções sólidas a partir da fé. Aderimos facilmente a propostas contrárias ao Evangelho e à moral cristã. Somos indiferentes ao caos causado pela injusta (des)organização social, geradora e multiplicadora de corrupção, violência e exploração, de pobreza, injustiça e exclusão;
c) somos ignorantes sobre nossa fé. Pouco conhecemos de Bíblia, Tradição, Magistério, Doutrina e Ensinamentos Sociais de nossa Igreja. Não sabemos dar as razões de nossa fé e de nossa esperança. Ficamos em dúvidas diante de tantas pregações diferentes e contraditórias da Palavra de Deus, tantos ensinamentos diferentes e contraditórios aos ensinamentos de nossa Igreja;
d) somos infantis em nossa fé. Colocamos Deus a nosso serviço, a serviço de nossas necessidades. Mas, somos nós que devemos estar a seu serviço, à disposição de sua Santa Vontade. Corremos atrás de superficialidades e coisas secundárias: valorizamos mais os grupos e movimentos do que a Igreja, às vezes chegamos a formar igrejinhas à parte, que se colocam acima da Sagrada Escritura, da Eucaristia, do engajamento na Igreja, do compromisso político em nome da fé.
e) somos por demais devocionistas. Para muitos de nós a devoção (mal compreendida) nos faz parar em Maria, em algum santo e não chegamos ao essencial Jesus Cristo. Quantos de nós ao entrar numa igreja nem percebemos o Sacrário e vamos direto às imagens de santos...
Ora, diante dessa realidade preocupante, cabe à Igreja uma decisão urgente e prática: realizar um processo evangelizador bem organizado e forte, isto é, o anúncio primeiro da fé, a proposta da conversão a Jesus Cristo, de encontro pessoal e intransferível com ele, a ser discípulos missionários dele. Ora, este anúncio primeiro é essencial para a catequese cumprir a sua missão específica. E a situação é tal, que a própria catequese precisa ser essencialmente evangelizadora, provocadora da conversão a Jesus, à Igreja e à missão, caso contrário não produz frutos.
Ir. Israel José Nery