A partir do Concílio Vaticano II nossa Igreja começou a desenvolver muitas atividades ecumênicas. O diálogo se desenvolveu com muitas comunidades e autoridades de outras Igrejas e foram criados organismos de trabalho conjunto. Hoje a cada ano participamos das reflexões e celebrações da Semana de Oração pela Unidade, que aqui é vivida entre o domingo de Ascensão e o de Pentecostes. O material é preparado pelo Conselho Mundial de Igrejas e distribuído por muitos países. Aí temos, no mesmo evento, padres, pastores e seguidores de Igrejas diferentes orando juntos e se acolhendo fraternalmente. A nossa Igreja não é membro pleno desse Conselho, porque ele tem um regulamento em que o peso do voto de cada Igreja corresponde à quantidade de seus seguidores e, desse modo, o voto da nossa Igreja acabaria sendo decisivo sozinho porque temos mais gente do que as outras Igrejas juntas. Mas, mesmo assim, nossa Igreja participa ali de algumas Comissões, como a de Fé e Ordem e a de Missão e Evangelismo. A Semana de Oração é uma boa oportunidade para os católicos viverem, com plena aprovação da Igreja, um bonito momento de experiência de unidade na diversidade, onde se destaca que o que nos une - a fidelidade a Jesus - é mais forte do que o que nos separa.
Na CNBB temos a comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, que cuida de incluir esse tema na nossa Pastoral de Conjunto, ajuda na redação de vários documentos sobre esse assunto, promove um simpósio anual e participa de reuniões com organismos ecumênicos. Um desses organismos é o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), do qual nossa Igreja faz parte, junto com a Igreja Ortodoxa Siriana, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Presbiterana Unida, a Igreja Episcopal Anglicana e Igrejas da Aliança Batista. Em parceria com o CONIC, além de se envolver em vários projetos, nossa Igreja determina, em certos anos, que a Campanha da Fraternidade seja ecumênica. Mesmo nos anos em que isso não acontece, o material da nossa Campanha de Fraternidade sempre inclui uma celebração ecumênica, que é um convite para uma reflexão conjunta com outras Igrejas.
Algumas vezes, ao trabalhar o tema do mês da Bíblia, nossa Igreja contou com a participação de biblistas de outras denominações.
Para conhecer o que somos chamados a fazer nessa área, a Igreja tem, além do que foi determinado no Concílio Vaticano II, documentos que os catequistas deveriam conhecer como, por exemplo : o Diretório para a Aplicação dos Princípios e Normas sobre o Ecumenismo, o livreto O que é Ecumenismo? (feito pela CNBB e publicado por Edições Paulinas), Diálogo e Anúncio (texto do Vaticano que trata do trabalho missionário).
Além de estudar conjuntamente o assunto, há situações em que a cooperação entre Igreja diferentes torna mais produtiva a ajuda que precisamos prestar aos necessitados. Assim podemos ter parceria ecumênica, por exemplo, em hospitais, presídios, socorro em certos desastres como inundações, desabamentos, atendimento a refugiados.
Duas de nossas orações mais conhecidas (Pai Nosso e Credo) são usadas em versão ecumênica quando estamos em união com irmãos de outras Igrejas . São pequenas as diferenças nessa versão:
- no Pai Nosso - aí em vez do tratamento na segunda pessoa do plural (vós) se usa no singular (tu), se diz: Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome... e termina com uma frase que já ouvimos até na missa: ...pois teu é o Reino, o poder e a glória para sempre.
- no Credo ecumênico- são só duas diferenças: em vez de dizer “creio na Igreja católica”, se diz “creio na Igreja universal” (aí não se trata do nome de outra Igreja, mas do significado da palavra “católica”, que quer dizer “universal, uma Igreja para todos os povos”); em vez de dizer “creio na ressurreição da carne”, se diz “creio na ressurreição do corpo’’.
Já vi muita gente se escandalizar quando falamos dessas coisas, achando que estamos abandonando nossa identidade católica. Mas estaremos aí sendo absolutamente fiéis à nossa Igreja, fazendo o que ela nos pede e mostrando-a ao mundo com uma imagem mais fraterna. Seremos ecumênicos porque, respeitando e amando nossa Igreja, fazemos questão de seguir suas orientações. Para que isso seja bem compreendido e vivido, precisamos de uma catequese capaz de tratar bem desse assunto, mostrando direitinho o que significa “unidade na diversidade”, que não é nem uniformidade nem negação das diferenças, mas é valorizar o que já temos em comum e trabalhar juntos no que for possível, mesmo reconhecendo que nem sempre concordamos em tudo.
Como catequistas, o que faremos para estar bem preparados nesse campo? Como nossas conversas com os catequizandos uniriam ecumenismo e total fidelidade à nossa Igreja?
Therezinha Motta Lima da Cruz
julho/2020