Bíblia e Catequese
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04/05/2018 Therezinha Motta Lima da Cruz Bíblia e Catequese Paraíso no começo e no fim
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Sabemos que a Bíblia não é um livro só: é uma coleção de textos que vêm de épocas e escritores humanos diferentes. Mas ela tem uma unidade porque é inspirada pelo mesmo Deus e quer nos comunicar o que chamamos de história da salvação, que é o grande projeto do Criador para a humanidade.

Essa história é apresentada com um começo no livro de Gênesis, onde se mostram as intenções de Deus ao criar o ser humano. Nós todos temos uma fragilidade, simbolizada no barro usado para fazer Adão, e uma força derivada do sopro da vida que vem do próprio Deus. O homem não foi feito para viver sozinho. Deus lhe deu uma companheira que foi tirada de uma parte bem perto do coração, para amar e ser amada; formaram então um par que se completaria mutuamente.  E não deveria ser assim o relacionamento do casal humano?

O homem e a mulher foram colocados num jardim, que é um outro símbolo de vida bem vivida, agradável, em harmonia com a natureza. Esse jardim tinha água pura de um rio dividido em 4 braços, ou seja, um rio que se espalhava em todas as direções (norte, sul, leste, oeste) para não faltar água para ninguém. Tinha todo tipo de árvore, com frutos saborosos, e até a árvore da vida (símbolo de todo o bem que Deus queria que a humanidade vivesse). Esse casal, símbolo da humanidade inteira, recebeu a missão de cultivar e guardar o jardim, ou seja: cuidar bem do planeta que seria a casa de todos. E não é isso que nós todos devemos fazer ainda hoje?

Mas algo deu errado. No meio do jardim havia também uma outra árvore simbólica, a árvore do conhecimento do bem e do mal, algo que não poderia ser usado irresponsável-mente porque iria estragar tudo. O homem não pode se considerar “dono” do bem e do mal porque aí, em vez de fazer o que Deus pede, vai ser seduzido por desejos e inclinações destrutivas.  E hoje, basta olhar o jornal, para percebermos como as ambições e desvios humanos acabaram estragando a vida paradisíaca que estava no projeto inicial de Deus.  

Alguém poderia questionar: se as escolhas humanas levam a isso por que Deus não nos criou sem essa possibilidade, sem o tal do “livre arbítrio”? Deus quer grandes coisas para a humanidade, quer gente crescendo com valor, construindo amorosamente um mundo onde todos possam ser felizes. Sem livre arbítrio, nada do que fazemos teria valor porque seríamos simplesmente máquinas programadas. O escritor Isaac Azimov escreveu muitas histórias sobre robôs. Os robôs de Azimov nunca podiam prejudicar ou deixar de ajudar um ser humano: essa era a chamada “primeira lei” de seu funcionamento. Se um robô violasse essa lei, imediamente seu mecanismo se destruía. Em uma das histórias de Azimov havia uma mulher casada com um andróide (um robô com aparência humana). Ele nunca contrariava a esposa. No começo da história a gente até desejaria ter um marido assim mas aos poucos se vai percebendo que, de fato, essa mulher nunca foi amada porque nada do que ele fazia era de fato uma escolha afetuosa. Na capacidade de escolher está o mérito das coisas boas que fazemos e Deus quis nos dar essa possibilidade de crescimento e mérito.

Esse era o projeto de Deus. A história mostra que as conseqüências do pecado trariam muitos sofrimentos a essa humanidade que Deus criou para ser feliz. Mas a Bíblia termina apresentando esse projeto finalmente realizado. Nos capítulos 21 e 22 do Apocalipse temos “um novo céu e uma nova terra”, onde não haverá mais sofrimento, onde todos terão a vida como Deus havia planejado. É a nova Jerusalém, uma cidade linda e preciosa, com 12 portas que nunca precisam ser fechadas porque há segurança para todos, com a árvore da vida dando frutos o ano inteiro e tendo folhas que curam as nações. Deus estará aí tão presente em todos que a cidade nem vai precisar ter um templo... No meio de tudo um símbolo importante: o rio de água viva, que brota do trono de Deus e do Cordeiro.

É a vitória final da vida, a volta ao paraíso do começo, agora apresentado de outra maneira.

A Bíblia nos diz então que, apesar de todas as coisas erradas que a humanidade escolheu, no fim o projeto inicial de Deus vai ter sucesso. Ele nos criou para sermos felizes e felicidade se constrói com amor, cuidado mútuo, partilha fraterna, sabedoria que gera boas escolhas. Jesus veio mostrar o caminho e nos redimir do pecado, mostrando o amor total de Deus por nós. Estamos convidados a crer e trabalhar juntos na construção desse final feliz. Não sabemos quando ele se completará, mas temos uma decisão básica a tomar: precisamos escolher sempre se queremos ser parte do problema ou parte da solução.

O Apocalipse muita vezes é apresentado como um livro assustador. Até a palavra apocalipse virou uma espécie de sinônimo de desastre global. Ele mostra realmente muitos símbolos das tragédias que são conseqüência dos pecados humanos mas, na sua mensagem fundamental, ele é o livro da esperança, do final feliz, do plano divino realizado com a humanidade vivendo do jeito certo junto de Deus com a vida plena para a qual fomos criados.

Uma catequese de adultos poderia fazer um trabalho bem interessante sobre como o começo e o fim da Bíblia se completam. Sabemos convidar cada um a ser parceiro de Deus na construção desse final feliz? Percebemos que esperança e confiança no projeto de Deus são mais animadores e produzem resultados melhores do que ameaças de castigos?

Therezinha Motta Lima da Cruz

 

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